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publicado em 11 de junho de 2019

Agricultura de precisão

As rápidas transformações que a moderna agricultura vem sofrendo nas últimas décadas tornaram-na uma atividade altamente competitiva. Com isto o agronegócio exige dos produtores rurais um alto grau de especialização e de profissionalismo, visando aumentar a capacidade gerencial das empresas rurais.

Associado a esta capacidade administrativa está à capacidade do produtor de coletar dados e informações relativas à sua área produtiva, com o claro objetivo de adaptar novas tecnologias a sua realidade. Isto em função dos constantes riscos a que o produtor está exposto e que definem o sucesso da produção agrícola. Desta forma, é fundamental ao moderno produtor rural ter eficiência na aplicação dos recursos disponíveis, como forma de assegurar o sucesso em sua atividade. Assim, a obtenção de informações sobre os fatores que interagem na lavoura e de como se pode maximizar os seus efeitos parece crucial.

A agricultura de precisão (AP), como é chamado no Brasil, é o sistema de produção adotado por agricultores de países de tecnologia avançada, denominado por eles de Precision Agriculture, Precision Farming ou Site-Specific Crop Management, que surgiu como um sistema de gerenciamento de informações e que teve seu crescimento potencializado a partir de avanços da tecnologia de referenciamento e posicionamento, como o GPS (do Inglês Global Positioning System) e de tecnologias de sensoriamento remoto. Conceitos surgiram a partir do emprego destas técnicas na agricultura, como os de aplicação de insumos em taxas variáveis e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

A solução hoje utilizada de enfocar grandes áreas e entendê-las como homogêneas, levando ao conceito da necessidade média para a aplicação dos insumos (fertilizantes, defensivos, água, etc), faz com que, por exemplo, a mesma formulação e/ou quantidade do fertilizante seja utilizada para toda a área, atendendo apenas as necessidades médias e não considerando, desta forma, as necessidades específicas de cada parte do campo. O mesmo acontece para os demais insumos, causando como resultado uma lavoura com produtividade não uniforme. A AP preve a reverção deste quadro, permitindo a aplicação de insumos agrícolas nos locais corretos e nas quantidades requeridas.

A AP é uma filosofia de gerenciamento agrícola que parte de informações exatas, precisas e se completa com decisões exatas. É uma maneira de gerir um campo produtivo metro a metro, levando em conta o fato de que cada pedaço da fazenda tem propriedades diferentes. O principal conceito é aplicar os insumos no local correto, no momento adequado, as quantidades de insumos necessários à produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam. Desta forma, a consolidação de tais tecnologias como ferramentas a disposição do produtor permitem visualização da variabilidade espacial e temporal dos fatores edafoclimáticos de cada área agrícola, considerando as peculiaridades de cada parte da área no momento do manejo, ao invés de manejá-la como se a mesma fosse uniforme. Os problemas iniciais encontrados no desenvolvimento do conceito e das práticas associadas à AP, como dificuldade na interpretação de um volume considerável de dados, elevado custo dos equipamentos, adaptação das tecnologias as diferentes regiões do globo e de popularização das técnicas envolvidas no processo, evoluíram para soluções viáveis, tornando-a uma ferramenta real ao alcance dos produtores.

A AP combina as novas tecnologias associando a informação com uma agricultura comercial madura. É um sistema de manejo de produção integrado, que tenta igualar o tipo e a quantia de insumos que entram na propriedade com as necessidades da cultura em pequenas áreas dentro de um campo da propriedade. Esta meta não é nova, mas novas tecnologias, agora disponíveis, permitem que o conceito de agricultura de precisão seja percebido como realidade em uma produção prática.

Hoje a AP é considerada por boa parte dos especialistas em informação e sensoriamento como um sistema de gestão da produção agrícola, onde são definidas e aplicadas tecnologias e procedimentos visando otimizar os sistemas agrícolas, com enfoque no manejo das diferenças produtivas e dos fatores envolvidos na produção. A questão chave da AP é o de que existe variabilidade nas áreas agrícolas e de que é necessária a criação de condições de manejo que levem em conta esta diversidade. Desta forma, as ações em determinada área devem levar em consideração que a aplicação de determinadas práticas em um ponto e momento considerado apresentem como resposta maior potencial produtivo, com menor impacto sobre o ambiente.

Esta técnica pode também ser entendida como um processo que envolve um complexo processo, cujo fundamento é o conhecimento espacial preciso da atividade agrícola, frequentemente baseado no uso de dados obtidos com auxílio de satélites. Assim, a AP é uma filosofia de manejo da fazenda na qual os produtores são capazes de identificar a variabilidade dentro de um campo, e então manejar aquela variabilidade para aumentar a produtividade e os lucros.

O termo engloba o uso de tecnologias atuais para o manejo de solo, insumos e culturas, de modo adequado às variações espaciais e temporais em fatores que afetam a produtividade das mesmas. A agricultura de precisão é a tecnologia cujo objetivo consiste em aumentar a eficiência, com base no manejo diferenciado de áreas na agricultura. Engana-se, porém, quem pensa que a AP está relacionada apenas ao emprego de máquinas e tecnologias sofisticadas, pois este princípio de agricultura vai além, constituindo-se em um sistema de ações que levem a um manejo mais eficiente dos fatores de produção associados às condições de diversidade de uma área agrícola. Isto porque esta técnica não consiste simplesmente na habilidade em aplicar tratamentos que variam de local para local, porém, ela deve ser considerada com a habilidade em monitorar e acessar a atividade agrícola, precisamente em um nível local, tanto que as técnicas de agricultura de precisão devem ser compreendidas como uma forma de manejo sustentável, na qual as mudanças ocorrem sem prejuízos para as reservas naturais, ao mesmo tempo em que os danos ao meio ambiente são minimizados. Além de útil à agricultura de precisão, esta definição engloba a idéia de compromisso no uso da terra, relativamente às gerações futuras. Um manejo sustentável implica algo mais além da manutenção dos índices de produtividade.

A AP foi frequentemente definida com base nas tecnologias que permitem que ela seja realizada como Sistema de Posicionamento Global (GPS) ou sistemas de taxa variável. Porém, tão importantes quanto os dispositivos usados na agricultura de precisão, é perceber que a informação usada ou coletada é o ingrediente chave para o sucesso do sistema. O conceito de agricultura de precisão se distingue da agricultura tradicional por seu nível de manejo. Em vez de administrar uma área inteira como uma única unidade, o manejo é adaptado para pequenas áreas pequenas dentro de um campo. A AP é um termo aplicado a uma larga ordem de tópicos que se relacionam ao manejo preciso de unidades pequenas de terra em contraste com o manejo tradicional onde um campo inteiro é compreendido como uniforme. Esta oportunidade de se administrar pequenas áreas de terra individualmente ficou possível devido à disponibilidade de sistemas de posicionamento globais que podem ser usados para localização exata em terra de equipamentos e máquinas.

Alguns campos podem ser bem uniformes, mas outros apresentam variações no tipo de solo, fertilidade e outros fatores que afetam a produção agrícola. Se a variabilidade do campo puder ser medida e registrada, estas informações poderão ser usadas para otimizar as aplicações em cada ponto, sendo este o novo conceito de agricultura de precisão. Desta forma, o manejo da variabilidade é a chave para o uso efetivo da tecnologia de AP. Assim, o termo descreve a meta ou objetivo de aumentar a eficiência do manejo de agricultura, que modifica técnicas existentes e incorpora novas ferramentas para o administrador utilizar. Além disto, o mapeamento detalhado dos fatores de produção e aplicação localizada de insumos são os princípios básicos do sistema.

A idéia da AP é saber o tipo de solo e características da produção pertinentes a este solo, sem considerar os fatores metereológicos, que causam uma produção diferente para cada parte do campo e aperfeiçoar as entradas de insumos dentro de porções pequenas do campo. A filosofia atrás desta tecnologia é aquela de que os insumos (semente, fertilizante, substâncias químicas, etc.) só deveriam ser aplicados conforme as necessidades e que estes sejam mais econômicos para produção. Assim, as técnicas de AP devem melhorar a sustentabilidade econômica e ambiental da produção. Isto porque o conjunto de técnicas e procedimentos utilizados na técnica permite conhecer, localizar geograficamente e delimitar áreas de diferente produtividade, através do emprego da informática, programas específicos, sensores, controladores de máquinas e sistema de posicionamento global (GPS).

Há também a corrente de pesquisadores que consideram que a AP é uma aproximação de sistemas e requer uma compreensão dos processos envolvidos para alcançar uma meta particular. A meta pode não ser necessariamente maximizar rendimento, mas pode ser maximizar a vantagem financeira do uso dos insumos, ao mesmo tempo em que são minimizados prejuízos ambientais. Desta forma, controlar e colecionar informações agronômicas para prover necessidades atuais de partes de campos em lugar de necessidades comuns para campos inteiros. Aplicação de insumos em locais específicos comumente usada dividindo-se os campos inteiros em zonas de manejo menores, homogêneas.

As tecnologias de AP sempre demandam ferramentas agronômicas de produção mais desenvolvidas. O sucesso da sua aplicação depende do entender agronômico do sistema de produção que se administra. Nesse caso, o conhecimento agronômico e bom senso fazem a diferença. Isto porque a AP engloba o uso de tecnologias atuais para o manejo do solo, insumos e culturas de modo adequado para as variações espaciais e temporais nos fatores que afetam a produtividade das mesmas. Em outras palavras, é o conceito de sistema de produção agrícola que envolve o desenvolvimento e a adoção de técnicas de gestão, baseado no conhecimento com o objetivo principal de otimizar a rentabilidade. Este sistema permite práticas de gerenciamento com computador pessoal, que é a possibilidade de administrar cada local do campo adequadamente, se é econômico e tecnicamente vantajoso administrá-lo a este nível.

As vantagens deste sistama são de possibilitar um melhor conhecimento do campo de produção, permitindo, desta forma a tomada de decisões melhor embasadas, como:

a) Ter-se uma maior capacidade e flexibilidade para a distribuição dos insumos naqueles locais e no tempo em que são mais necessários, minimizando os custos de produção;

b) Uniformidade na produtividade é alcançada pela correção dos fatores que contribuem para sua variabilidade obtendo-se, com isto, um aumento global da produtividade;

c) Aplicação localizada dos insumos necessários para sustentar uma alta produtividade contribui com a preservação do meio ambiente, já que estes insumos são aplicados somente nos locais, quantidades e no tempo necessário.

Além disto, a agricultura de precisão propicia grandes benefícios para os seus usuários, tais como:

– Redução do grave problema do risco da atividade agrícola;

– Redução dos custos da produção;

– Tomada de decisão rápida e certa;

– Controle de toda situação, pelo uso da informação;

– Maior produtividade da lavoura;

– Mais tempo livre para o administrador;

– Melhoria do meio ambiente pelo menor uso de defensivo.

As perspectivas para a AP são positivas, com possibilidade de aumento da precisão na obtenção de resultados, conforme se forem tornando mais bem entendidos e mapeados os fatores que contribuem para a variabilidade nas áreas agrícolas.

Fonte: Agrolink