A rápida propagação do novo coronavírus em todo o mundo levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar o estado de pandemia e, com a adoção das medidas de isolamento social, diversos setores da economia vem sendo afetados, entre eles: comércio, indústria, serviços, turismo e agronegócio.
Esse cenário desencadeou o pior desempenho para a economia mundial desde a Grande Depressão de 1929, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as exportações do agronegócio brasileiro recuaram 0,4% no primeiro trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado.
Neste contexto, é importante analisar os principais impactos da COVID-19 para o agronegócio no Brasil e saber como se preparar para enfrentá-los. É o que você verá neste artigo.
Os impactos da COVID-19 no agronegócio
O agronegócio é uma das principais atividades que movimentam a economia brasileira, ocupando uma posição fundamental para manter a balança comercial positiva. No entanto, a insegurança gerada nos mercados internacionais diante da pandemia trouxe vários impactos negativos para o setor no Brasil, como veremos a seguir.
Queda nas exportações
As principais commodities produzidas pelo Brasil vêm sofrendo queda de preço no mercado internacional, entre elas, a soja, o milho e o café. A Europa, um dos principais mercados consumidores dos produtos agropecuários brasileiros, está sendo fortemente afetada pela crise. Por isso, as exportações brasileiras para o continente europeu caíram. O mesmo aconteceu com as exportações destinadas à China.
Queda na demanda interna
Um balanço da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avaliou dados dos impactos do coronavírus no agronegócio no período de 23 a 27 de março. Devido ao fechamento de restaurantes, bares e feiras livres, a demanda por hortaliças caiu significativamente no período. Além disso, os preços de vários produtos agrícolas sofreram queda, trazendo prejuízos aos produtores rurais.
Aumento dos custos de produção
A crise gerada pelo COVID-19 vem refletindo no preço de insumos essenciais para a criação de animais. O farelo de soja e o milho tiveram seus preços aumentados em várias regiões do país nas últimas semanas, o que levou a um aumento do custo de produção agrícola.
Dificuldades de escoamento da produção
Com os esforços para frear a disseminação do coronavírus no Brasil, restrições foram impostas ao setor de transportes, notavelmente na aviação. Esse é mais um motivo pelo qual a exportação de produtos agropecuários brasileiros vem sofrendo queda.
A comercialização dentro do país também vem sendo afetada, devido ao impacto nas cadeias de abastecimento entre as regiões. Com o fechamento de oficinas mecânicas nas estradas brasileiras, o transporte de produtos por caminhões está sendo comprometido. Consequentemente, também tornou-se mais difícil fazer com que a produção chegue até os portos.
Além disso, a China impôs restrições à entrada de contêineres originados do Brasil, o que impediu o desembarque de navios com produtos brasileiros. Com a queda na demanda, diversos frigoríficos brasileiros suspenderam suas operações.
Dificuldades para o planejamento da produção
Diversos insumos agrícolas utilizados no Brasil são importados da China e da Rússia. No entanto, a crise do COVID-19 levou a uma redução nas importações desses produtos, o que acarretará entraves para o planejamento da safra 2020/21. Entre os motivos dessa queda estão as dificuldades no embarque de insumos oriundos da China, a falta de oferta e a alta dos preços.
Recomendações para prevenção da COVID-19 no campo
A fim de reduzir os impactos da COVID-19, algumas recomendações para propriedades rurais devem ser seguidas. Os procedimentos rotineiros de limpeza são essenciais para evitar a propagação do vírus, além de outras recomendações que você verá a seguir.
Limpeza
- Higienizar constantemente, com álcool 70%, objetos de uso comum e as ferramentas de trabalho antes e após as atividades.
- lavar e desinfetar caixas e equipamentos antes da colheita, com solução clorada.
Gestores e funcionários
- Distribuir álcool em gel;
- disponibilizar locais para lavagem e higienização das mãos em todas as áreas das propriedades;
- adotar o distanciamento de, no mínimo, um metro entre as pessoas;
- afastar trabalhadores que manifestarem sintomas como tosse, febre, dor de garganta e falta de ar;
- afastar funcionários maiores de 60 anos;
- não compartilhar objetos pessoais, como celular, copos e talheres;
- não compartilhar instrumentos de trabalho, como pás, enxadas e rastelos;
- usar equipamentos de proteção individual, como máscaras.
Vale lembrar que, apesar de os animais não serem vetores do coronavírus, podem, por meio do contato com a pelagem, passar a doença entre os humanos. Por isso, é importante limitar o acesso dos trabalhadores às propriedades rurais.
Além disso, os gestores devem manter somente as atividades essenciais e cancelar todas as reuniões presenciais. Essas podem, alternativamente, ser feitas por videoconferência. Também é importante que os proprietários monitorem a saúde mental de seus funcionários, procurando orientá-los para alívio do estresse e da ansiedade.
Transporte de alimentos
- Evitar dividir caronas nos veículos e não compartilhar cabines de caminhões, tratores e colheitadeiras;
- manter os vidros dos veículos abertos para aumentar a circulação de ar;
- motoristas e ajudantes devem lavar e higienizar as mãos constantemente, principalmente antes e depois de tocar nos alimentos;
- colocar algum tipo de cobertura sobre os produtos, em caso de uso de meios de transporte abertos;
- não realizar o transporte de produtos de forma conjunta com animais, fertilizantes, agrotóxicos ou outros produtos químicos;
- caminhoneiros devem permanecer no interior dos veículos durante a entrega ou carregamento de mercadorias;
Por fim, é preciso ter atenção para a necessidade de lavar as mãos com muita frequência, especialmente após o contato com ferramentas e outros objetos de uso compartilhado.
Como vimos, o agronegócio brasileiro vem sendo fortemente afetado pelos efeitos da crise provocada pela COVID-19. Por isso, é essencial adotar as medidas para prevenção da doença no campo. Com isso, além de cuidar da saúde dos trabalhadores, você contribuirá para proteger esse setor tão importante para o Brasil.
Fonte: Jacto