O pantanal em chamas em foto tirada em setembro de 2020.
“O Brasil está secando.” A frase é do coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, após a divulgação de dados alarmantes sobre a situação ambiental no Brasil. Segundo o relatório MapBiomas Água, o país perdeu quase 16% de sua superfície de água nos últimos 20 anos, algo em torno dos 3,1 milhões de hectares. O problema é refletido em todos os biomas nacionais, mas o que acontece no Pantanal é o mais assustador. No total, a região perdeu 74% da superfície de água.
O mapeamento foi feito usando imagens de satélite e com a ajuda de inteligência artificial. De acordo com Tasso, os cientistas ficaram tão incrédulos com os números apresentados que refizeram cálculos e análises para ter certeza do que o percentual mostrava.
A situação do pantanal é a mais grave entre os seis biomas. Ele perdeu cerca de 68% do total de hectares. A caatinga perdeu 15%, a Amazônia, 13%, a Mata Atlântica, 4,6% e o pampa, 0,4%. Segundo especialistas, a seca se agravou de forma mais intensificada nos últimos dez anos.
Com menos água no pantanal, as chances de incêndios aumentam. Isso porque com menos regiões alagadas, a vegetação e a matéria orgânica vão ficando cada vez mais secas, o que colabora para o alastramento do fogo.
Em entrevista à “Folha”, Tasso Azevedo afirmou que a situação no pantanal é diretamente afetada pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento da Amazônia. “Antes a gente tinha muito receio de falar isso, mas eu não tenho mais dúvida. O desmatamento na Amazônia está reduzindo a quantidade de água na própria Amazônia e no Centro-Sul”, garante.
O mapeamento feito pelo MapBiomas analisou a dinâmica da água superficial e de corpos hídricos no território nacional. Foram mais de 150 mil imagens geradas por satélites Landsat. As áreas cobertas por água foram observadas em cada pixel de 30m x 30m dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do Brasil.
“Estamos em uma trajetória em que não há nenhum elemento para voltarmos ao que era antes. As condições estão dadas para perdermos mais água. É possível que estejamos criando as condições para acabar com o recurso”, alerta o coordenador da MapBiomas.
Fonte: espacoecologico.com.br