Além das temperaturas altas, a estiagem preocupa os produtores quanto a janela ideal do milho segunda safra
A irregularidade das chuvas tem sido o grande desafio do sojicultor mato-grossense neste início de safra nas principais regiões produtoras do estado. Em Paranatinga, as altas temperaturas e a falta de umidade na terra estão tirando o sono dos agricultores. Alguns produtores registraram temperaturas de até 67 °C.
A estiagem e altas temperaturas que ameaçam a produtividade nas lavouras de soja no estado são o tema do Patrulheiro Agro desta semana.
Produtores que já semearam o grão estão apreensivos com o risco de ter que replantar a área por falta d’água. Já os que ainda não iniciaram o cultivo temem a perda de qualidade das sementes armazenadas e a ameaça à segunda safra de milho, que está com a janela cada vez mais estreita no município.
O agricultor Rubilar Pedro Filho, plantou no início de outubro e está há 20 dias sem chuvas. Ele acredita que terá que replantar 10% dos 600 hectares estimados para a oleaginosa nesta safra.
“Na nossa propriedade todos os dias as temperaturas estão acima de 40 °C, 42 °C. As poucas plantas que saíram estão sofrendo, você pode ver que está em um estado crítico já e a maioria das sementes não teve umidade suficiente para germinar estão todas debaixo do solo”, conta Rubilar.
A expectativa do produtor nas áreas era uma produtividade acima de 65 sacas por hectare. “A gente nunca tinha vivenciado essa situação que estamos passando esse ano. O milho já está 100% descartado. A ideia é fazer da melhor forma possível a safra de soja, e depois entrar com algumas culturas de safrinha com menos risco”.
Produtor estima replantar 700 hectares em sua fazenda
Em outra propriedade da região, a soja deve ocupar 2,4 mil hectares. Nos 700 hectares que já foram cultivados, a falta de umidade no solo prejudicou o desempenho das plantas recém emergidas e, de muitas que ainda estão em fase de germinação.
Bruno Pierdona, agricultor, conta que não foram acumulados nem 100 milímetros em 18 dias e que, provavelmente, terá que replantar 100% de uma área.
“Está bem complicada a safra. O risco é muito alto, então o seu lucro é muito pequeno perto do seu investimento e aí você tem esse risco elevadíssimo”, explica.
Na propriedade do Guilherme Techio, a preocupação é ainda maior já que metade dos 4 mil hectares de soja estimados para esta safra estão semeados e sendo duramente castigados pela alta temperatura do solo. De acordo com o agricultor, 30% da área corre risco de ter que ser replantada.
“Temos relatos dentro da propriedade de temperaturas de até 67° C no solo, sensação térmica de 49°C, 50 °C. Pouca umidade e uma temperatura elevada dessa. A planta vai se entregando, não tem o que fazer. A lavoura não será uma lavoura uniforme, então na colheita teremos problemas sim”, frisa Guilherme.