Recursos tecnológicos, que vão de GPS a tratores com piloto automático, são utilizados para aumentar a eficiência e a precisão na atividade agrícola.
A tecnologia não é exclusividade dos grandes centros urbanos. Ela também está presente no campo, com recursos para ampliar a produção na agricultura. Tanto que os próprios agricultores já não conseguem ver o negócio prosperar sem o uso das máquinas. As ferramentas tecnológicas são inúmeras e entre elas está o uso de sistemas de posicionamento global – mais conhecidos como GPS, aplicativos que monitoram as plantações e acessórios para tratores com piloto automático.
O engenheiro agrônomo Lucas Pavani, por exemplo, prioriza o uso de tecnologia em suas propriedades rurais, como em duas áreas de 5,5 mil hectares localizadas nos municípios de José Bonifácio e Tanabi. As plantações de cana, soja e amendoim são totalmente planejadas com ferramentas tecnológicas, como o georreferenciamento, que Lucas utiliza para a análise do solo.
“Hoje, para nos manter na atividade agrícola, só mesmo contando com a tecnologia. O custo do investimento é alto e a mão de obra não é fácil. Com um planejamento correto das máquinas, que possuem piloto automático, e os diversos aplicativos que o conduzem aos tratamentos da planta, é possível melhorar a produtividade”, afirmou Lucas.
Especialista em georreferenciamento de propriedades rurais, Celso Henrique Rodrigues da Silva explica que usa o GPS para verificar com precisão o tamanho de uma área, inclusive com certificação junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Pode ser usado ainda como forma de projetar, por meio de altimetria, as várias etapas da produção agrícola”, explica.
Para isso, o técnico emprega o GPS geodésico, um equipamento capaz de ler informações emitidas pelos satélites em órbita e calcular as coordenadas geodésicas (latitude, longitude e altitude), sendo possível ter dados precisos a respeito de um determinado local.
Depois da coleta de todos os pontos, com o uso do GPS e de marcos que são colocados na área do georreferenciamento, Rodrigues diz que os cálculos são feitos com a ajuda de softwares. “Calcula-se o polígono da propriedade rural, levando inclusive a altitude em consideração, o que antes do GPS não era possível averiguar”, acrescenta.
Ele lembrou ainda que, antes da tecnologia, a medição de terras era feita com o uso de equipamentos mais rudimentares, como cordas, correntes e trenas, o que muitas vezes possibilitava erros no tamanho exato do imóvel rural. Já no georreferenciamento é possível situar o imóvel rural no globo terrestre, definindo sua forma, dimensão e localização, por meio de métodos de levantamento topográfico.
Conforme estabelecido em legislação do Incra, propriedades rurais com 100 hectares devem ser georreferenciadas junto ao órgão do governo. Segundo Celso, o trabalho é burocrático e depende do registro do imóvel em cartório, para depois o proprietário rural ter a certificação do instituto. “Mas a confiabilidade do trabalho é importante. O produtor rural terá a garantia, inclusive do valor no momento de uma venda ou de um desmembramento da terra”, comenta o especialista.
Além do trabalho de certificação da propriedade rural, Celso observa que é importante também o georreferenciamento para o planejamento da atividade agrícola. “Recentemente fizemos um trabalho em plantio de seringueiras, em que, com o GPS geodésico, foi possível estabelecer o tamanho exato de linhas onde as mudas foram plantadas, o que garante uma produtividade maior para o agronegócio”, explica.
Tratores com piloto automático
Um dos acessórios mais procurados na Itaeté Máquinas, em Rio Preto, é o piloto automático, segundo o gerente de tecnologia da empresa, Carlos Eduardo Lucas. Ele explica que o piloto automático, muito utilizado em tratores, possui três peças: o receptor, que está conectado com o satélite, o atuador, que funciona como se fosse a mão do operador, e uma tela, semelhante à de um tablet.
Com o uso desses equipamentos, Carlos Eduardo diz que é possível planejar a área de plantio, entre outros benefícios para o agricultor. “Quando se arma o piloto automático, assistido pelo operador, será possível fazer todo o traçado projetado. O trator faz curvas, manobras, entre outras atividades, o que irá otimizar os locais de plantio. É possível trabalhar melhor no campo, gastando menos tempo e garantindo economia para o produtor rural”, detalha.
Na região de Rio Preto, o gerente em tecnologia disse que 80% dos pilotos automáticos são utilizados em propriedades de plantio de cana, que geralmente fazem rotação com as culturas de amendoim, soja e milho. Mas é possível usar dessa tecnologia em praticamente todas as culturas agrícolas. “O mercado segue atualmente a agricultura de precisão”, conforme afirmou Carlos.
‘Não é barato’
O produtor rural Gustavo Valochi acredita que hoje seria impossível não ter em mãos as diferentes formas de tecnologia destinadas ao campo. Mas, no começo, em 2011, quando adquiriu o primeiro trator com o piloto automático, se assustou com o custo do acessório e de como operar o aparelho. “Não é barato. Custa cerca de R$ 70 mil, mas garante muitos benefícios”, disse.
Nas plantações de cana, soja, amendoim e milho, Gustavo diz que é possível planejar a tecnologia com o uso do GPS e do piloto automático para plantar as mudas, realizar a colheita e também pulverizar. “O rendimento da cana é muito melhor aproveitado”, destaca o produtor, que ainda utiliza um recurso de taxa variável de adubos, em que não há desperdício no momento da distribuição do produto.
Tecnologias
Agricultura de precisão (AP)
É o manejo diferenciado da lavoura, onde as áreas não são uniformes, ou seja, há uma variabilidade espacial da produção agrícola, como amostragem do solo, aplicação de calcário, aplicação de insumos em taxas variáveis e outros. Aqui também entra o GPS, tecnologia utilizada há anos, mas que tem destaque na agricultura atualmente pelo seu uso na AP
Drones (veículos aéreos não-tripulados)
Com a observação da cultura por vídeos ou imagens aéreas é mais fácil monitorar e planejar a lavoura. Os drones já estão sendo muito utilizados em sistemas de produção extensivos, como na produção de grãos e culturas perenes
Autonomia das máquinas agrícolas
Nessas máquinas, o operador utiliza sistemas inteligentes, sensores, rádio, dados e GPS
Vantagens
Aumento da produção e aumento da produtividade
Pode reduzir custos e aumentar o lucro
Redução do tempo gasto com as atividades
Melhor aproveitamento das áreas agrícolas
Maior precisão nas operações agrícolas
Menor impacto do meio ambiente
Maior segurança alimentar
Melhor aproveitamento dos insumos agrícolas aplicados nas áreas
Melhor gestão agrícola da propriedade
Maior controle da propriedade rural
Rapidez no planejamento da propriedade rural.
Fonte: Diário da região